sábado, 1 de março de 2008

O que aprendemos com “nossa” forma de educar?

Eden Arcanjo.

Ao ler um artigo publicado no “Jornal Estado de Minas”, de autoria de nosso cabotino colega professor Vereador Carlão Pereira, fui tocado de forma profunda e decidir aquilatar tão acólito texto, que trata de uma qualidade revel de nossa educação.
Sabendo que a educação não é um ser inerte, tenho convicção que seu movimento dentro das instâncias sociais é cabal. De forma hegemônica, portanto posso dizer, com certa euforia, que seu uso cabe a qualquer um ou lugar, não delimitando aos anais da escola sua assimilação, compreensão, aprendizagem e uso. Ter Educação no entanto não é apenas deter conhecimento cientifico sobre determinado assunto, mas se aproximar de valores éticos e morais positivos e saber reconhecer os padrões negativos que podem copular junto à personalidade de um sujeito ou sociedade e entre aqueles que o cercam. Tentar percentualizar este conceito no mínimo é antagônico. Isso porque ele incorpora uma série de outras categorias e conceitos percucientes.
Certa vez, lendo uma revista de grande conceito no meio acadêmico, descobri que os números expressam muito mais do que chamamos de concreto e percebemos como real. A autora, com certa autoridade, convencia aos leitores que os números os remetiam a um passado de ações e de percepções presentes nas transformações humanas que se constroem e se destroem em proporções inimagináveis, assim, quando se vive um futuro de proporções e quantificações muitas das vezes sobre um único olhar, esconde-se outras verdades. Então os números apenas não instigam aos seus usuários, mas trazem consigo histórias. Talvez seja por isso que quando chocamos as duas realidades “Professor Estado” e “Professor Município” encontramos disparates e aproveitamos para dizer ainda outros de maiores proporções, quando é claro não queremos ver as outras verdades e/ou negar a história desses dados numéricos.
Ora, devemos aprender com o passado! E o passado disse não, a atual forma de ensino adotada a quase 15 anos pela PBH. Não houve engano, simplesmente erro... Mas ainda resta esperança, pois apenas os tolos vivem de soberba surda, platônica e “esbabacada” pelo resto de suas vidas. E para que essa esperança se idealize, é necessário que não se abra apenas os olhos, mas que se venha propelir: os ouvidos, as mãos e todos demais órgãos do corpo humano para essa indébita tragédia.
E se as mudanças ainda continuam inertes, foram as soluções ou como elas foram gerenciadas diante de um mundo em constante movimento que geraram esta crise de insistência paradoxal que os professores no meu entender estão inculpados. E se é perceptível ou não que o autoritarismo insurgente deste governo ou se qualquer outro pode gerar algum tipo de liberdade, estamos insurgindo contra a nossa própria bandeira estadual. Principalmente se acharmos que a democracia em algum momento da história pode alcançar o lume da irresponsabilidade.
Talvez, portanto fique a nosso cargo relembrar que somos seres sociais e que aprendemos nas nossas relações. Os estudantes, creio eu, estão cientes das mazelas incontestes diante de seus professores, que tentam desanimar-lhe, adoecer-lhe, de ações assédiosas na dolorosa profissão e de roubar-lhe seus direitos de ser o que ele é e de ter o que lhe é cabido. Quando percebem que aqueles que deveriam estar sonhando seu futuro junto com eles vivem uma realidade de pesadelos, aprendem que a perversidade é fato.
Quando sabem de paralisações, greves, perseguições e punições, percebem que o mundo não esta tão tolerante como às vezes se ouve por aí. Quando não tomam nossa profissão como modelo em suas vidas e lembrança bem vinda, sabem que a única coisa que temos para oferecer-lhe é o conhecimento científico. E todos nos sabemos que ser professor é muito mais que isso.

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